O Que Nos Torna Humanos? | #19. A Criação De Expectativas
Hoje é dia de falar sobre expectativas.
As expectativas não apenas movem o mundo, como fazem parte de nossa natureza humana. Esperamos algo de quase tudo que existe ao nosso redor.
Esperamos que o dia seja ensolarado, esperamos não encontrar tanto trânsito para chegar onde quer que tenhamos que ir, esperamos ter sucesso na carreira, esperamos sermos felizes no amor e esperamos ter a vida que sempre desejamos.
Geralmente nossas expectativas são positivas, mas também podem ser carregadas de decepção, mágoa e negatividade. E quando isso acontece, dizemos que perdemos a esperança. Perdemos a esperança de receber o aumento de salário que tanto esperamos, perdemos a esperança de sermos amados da forma como desejamos em determinados relacionamentos e perdemos junto a vontade de lutar… Algumas vezes perdemos a esperança em nós mesmos, quando a culpa que nos invade e seca nosso jardim interno.
Independente se estas são positivas ou negativas, a verdade é que sempre esperamos algo de determinadas situações e pessoas. E se tudo isso vai ser ou não saudável, dependerá da forma como estas influenciam sua vida e suas escolhas.
Por um lado temos as expectativas carregadas de fantasias e excessos, que podem trazer frustração e decepção, e por outro lado, quando há ausência total de expectativas perdemos totalmente o interesse e motivação, nos afastando daquele caminho.
E o que cria estas expectativas?
Elas são nossa responsabilidade, isso é fato. E refletem algo do nosso interior, seja um desejo, verdades internas, ou apenas a necessidade de controlar a nós mesmos.
Acredito que não há uma única conclusão para esta pergunta, pois são diversas variáveis que nos colocam no caminho das expectativas.
A grande questão aqui é o quanto estamos conscientes das expectativas que criamos. Quando vivemos de modo inconsciente, não conseguimos perceber o jogo que nos leva sempre a esperar pela realização de nossas esperanças e acontece o mesmo quando sentimos aquela grande decepção quando elas não se concretizam.
Há uma armadilha aí! Não podemos controlar as situações externas que surgem em nosso cotidiano, muito menos somos capazes de escolher, sentir ou agir pelo outro e por isso, garantir a realização de todas nossas expectativas se torna algo impossível.
Ter uma vida consciente pode ser então a cura para as dores emocionais que estas desilusões acarretam. Podemos perceber e separar a ilusão da realidade, reparar nos sinais que a vida nos dá e aceitarmos então o fato de que não poderemos manipular a realidade para que ela se molde aos nossos desejos.
Isso não significa que você não terá expectativa nenhuma. Isso é impossível, vide que esta é uma característica natural, principalmente quando vivemos em sociedade. Mas significa que você não sofrerá tanto quando as coisas não acontecerem da forma como você esperava.
E estamos no momento ideal para refletir sobre isso. Final de ano é o período de grandes expectativas, não é mesmo?
Geralmente, mesmo que o ano tenha sido bom, ainda assim, existem certas coisas que não foram exatamente da forma como esperávamos e então, criamos a continuidade no momento em que temos a expectativa de que o próximo ano será melhor e mais fácil. Parece que, ao virar o ano, tudo vai mudar e que há uma nova chance para recomeçar.
Mas será que precisamos esperar um ano novo chegar para recomeçar?
Acredito que cada dia pode ser um recomeço, o momento para refletir sobre suas expectativas, trazer para a consciência as necessidades internas que as nutrem e então, olhar para a realidade como ela é. Sem negação. Sem ilusão.
Não é um aprendizado fácil, mas é essencial para termos uma vida livre dos sofrimentos causados por nossa própria mente.
Osho diria “A mente do homem perturba, sempre cria problemas – porque espera que as coisas sejam diferentes do que elas são. Ele não está pronto para aceitar a natureza da existência, ele a quer de acordo com ele. Este, de acordo com ele, é toda a miséria. Você não pode mudar a existência. Tudo o que você pode fazer… você pode abandonar sua mente.”
Tem um ritual que faço as vezes, quando percebo que estou criando expectativas exageradas. Escrevo em um papel tudo aquilo que espero, acendo uma vela e o queimo. Esta é uma forma simbólica de queimar também estas expectativas dentro de mim. E então, após fazer isso, escrevo em um outro papel a realidade que vivo e aquela que desejo construir, com o pé no chão, com as coisas que dependem de mim e não do outro. Além deste exercício me trazer uma reflexão e consciência sobre as minhas expectativas, me sinto mais leve e liberta. Tente fazer isso e me conte como foi!
Um super beijo,
Vanessa