DAS HISTÓRIAS QUE SÃO NOSSAS
Existe uma história que faz parte do eu… E um eu que existe por meio da história.
Contada ou não, ela existe. Persiste. Resiste.
Geração após geração. Uma sequência de construções. Repetições.
Reverenciamos nossa ancestralidade quando reconhecemos que não existimos só. E percebemos tantas vidas que tiveram que fazer escolhas para que pudéssemos estar aqui hoje.
Se uma — apenas uma — decisão de qualquer pessoa que veio antes de você tivesse sido diferente da que foi, provavelmente, você viveria uma realidade diferente e pode ser que nem existisse. Nas escolhas que fizeram e que também fazemos (afinal, também somos parte ativa e viva desta história) há uma grandiosidade que quase nunca paramos para perceber.
Alguns chamam isso de caos, outros de destino. Eu gosto de pensar em sincronicidade. Tudo está conectado de alguma forma e nada está fora do lugar.
Mas refletir sobre o tamanho que temos diante de todas as circunstâncias incontroláveis é também um ato de humildade, além de uma ação de desapego.
Desapego das pseudoverdades que construímos para nos satisfazer, e da fantasia que protege o desejado — a ilusão construída para sobrevivência do ego. E então, quando abrimos mão destas, nos relacionamos com o que é real — com o que foi um dia, sem remissão aos fatos mais nebulosos e aparentemente intrigantes. A história deles não pode ser mascarada, muito pelo contrário: deve ser contada com todo o seu ardor.
Isso é respeito à eles e também à você.
Somos fruto desta série de acontecimentos, mas não somente isso, por isso nada do que foi fere nossa existência ou escolhas no hoje. Afinal, somos também agentes construtivos em nossa própria existência.
Parte e também indivíduos. No todo e também na existência em nosso próprio vazio.
Assim, permitiremos certas escolhas e caminhos diferenciados e libertos daqueles que foram.
E conhecer a(s) história(s) permite isso. Reconhecer a si mesmo neste todo justamente para se diferenciar. Para ser além… e também!
Jáestive no lugar desta foto — Figueira de Lorvão, freguesia de Penacova, Portugal — para resgatar uma parte de minha história. Bizavô e bizavó maternos viveram por estas bandas, antes de partirem para o Brasil em 1926, e passar por estas mesmas ruas, que pouco mudaram com o tempo me fizeram imaginar quantas inúmeras vezes eles estiveram ali.
Esta é apenas uma parte de uma história que pode nem ser tão minha assim, mas naquele momento, tomei para mim com grande naturalidade, afinal, quem não quer fazer parte de algo? Mesmo que seja de uma história quase esquecida.
Podem ser outros tempos, mas quais os desafios que eles enfrentaram? Será que são parecidos com os que enfrentamos hoje?
A verdade é que estamos conectados de alguma forma, mas isso não significa estarmos presos as determinadas regras de viver. As escolhas que fazemos hoje são um aspecto único de nossa existência e você é livre para ser.
Oobjetivo principal em conhecer e olhar para o passado é justamente esse: reconhecer que cada um pode ser o que é, e aquilo que foi — por mais que tenha uma importância tamanha — já foi e o que fica agora são as suas escolhas livres de qualquer julgamento ou modelo.
O pertencimento que é a base…
A consciência para escolher.
A liberdade para ser!