O Que Nos Torna Humanos? | As Origens
Estava com saudade de escrever por aqui.
Antes de seguir para o tema de hoje, quero te atualizar de tudo o que aconteceu nestas últimas semanas, que estavam bem agitadas.
Enquanto estive ausente, além de grandes projetos profissionais – mudança de estrutura na People, nova identidade visual e novos projetos – que demandaram uma boa parcela do meu tempo, também escrevi um e-book sobre Liderança, que ficou incrível! Seu título é Da Liderança Autêntica À Liderança Colaborativa e seu conteúdo vai além do que encontramos nas organizações. Fiquei bastante orgulhosa do resultado e espero que você goste também. Para receber o ebook, basta se inscrever nesse link.
Além disso, iniciei um novo projeto social, que se chama Os Anônimos. Neste projeto, que será representado por um blog, contaremos história de pessoas com o objetivo de empoderar e trazer a sensação de protagonismo para o dono da história, ao mesmo tempo que inspira quem está do outro lado. Neste projeto, uno duas paixões: fotografia e escutar histórias e logo mais, assim que a primeira história – já compartilhada conosco – for publicada, compartilho também com você.
As mudanças e novas demandas que surgiram não foram apenas externas, a construção interna – como sempre – está passando por seus ciclos, e novos conhecimentos que se unem ao que já existia.
E é de todo esse movimento que vem a inspiração para o tema de hoje, sobre um novo aspecto da humanidade, mais um capítulo da série O Que Nos Torna Humanos: As Origens!
Todos nós viemos de algum lugar e a busca por nossas origens é algo que nos move, mesmo que de uma forma inconsciente. E para falar de origens pessoais, vale a pena passar rapidamente pela origem da vida como um todo.
A própria palavra vida é muito ampla e nos remete a diversos pensamentos, conceitos e sensações. Podemos pensar na vida como uma dádiva, uma forma de exercer nossos prazeres, objetivos materiais ou espirituais, ou como uma forma de interação, na construção no social por meio das relações.
E apesar de sua amplitude, sua origem é o grande objeto de estudo de qualquer ciência pois é parte de nossa busca humana compreender sua construção, e assim tentamos fazer desde os primórdios.
A concepção difundida entre os povos de cultura judaico-cristã-islâmica é que a vida foi introduzida na matéria por Deus. E para Aristóteles (384-322 a.C.) existia uma espécie de matéria divina, chamada de pneuma, que constituiria a vida animal. A pneuma seria um estágio intermediário de perfeição logo abaixo da alma humana.
Enquanto Charles Darwin (1809-1882) imaginava que uma poça de caldo nutritivo, composto por amônia, sais de fósforo, luz, calor e eletricidade, pudesse ter dado origem a proteínas, que se transformaram em compostos mais complexos, até originarem seres vivos, Louis Pasteur (1822-1895) dizia que a vida só pode vir de outra vida.
Contudo, mesmo com todos os pensamentos e conceitos que tentam entender a origem da vida, ainda assim, não temos um conceito universal que a define.
Dizer que vida é algo que nasce, cresce, se reproduz e morre, não é suficiente para caracterizá-la. Esta, na forma como a concebemos, vai além da estrutura física e é recheada de memória herdada, passada de geração à geração, até chegar em sua forma atual.
E por mais que alguns acreditaram que a vida foi originada de nutrientes e moléculas que se transformaram, a vida que conhecemos hoje, passou por diversas construções e experiências individuais e coletivas. Tudo isso é carregado em nossas células… Na psicanálise, essa memória ancestral é chamada por Jung de Inconsciente Coletivo e por Erich Fromm de Inconsciente Social.
E sabemos disso quando olhamos para a história da humanidade, que mostra o quanto somos diferentes dos animais. Nós, humanos, somos o único animal com a necessidade de montar uma história pessoal, por meio das respostas encontradas sobre nossa inserção no mundo. Buscar as origens significa conhecer algo sobre si mesmo, e essa é uma condição muito importante na construção de nosso mundo subjetivo, pois é parte estrutural de nosso desenvolvimento humano.
E é por isso, que estamos sempre em busca de algo que terá como objetivo dar significado à nossa existência e que situa o lugar que ocupamos mesmo antes de existirmos. Pois ao nascer, nos vemos atravessados pelas questões da vida e pelo mistério da existência.
Conhecer a origem que embasa nossa história pessoal, faz parte de nossa constituição com indivíduo que compartilha da humanidade. E isso é o que torna nossa existência tão única.
Você não nasceu sozinho no mundo, há um coletivo ao qual pertence e se conectando com ele, poderá também de conectar consigo mesmo.
O filme Lion, do Diretor Garth Davis indicado ao Oscar, mostra essa busca de uma forma incrível. O filme conta a história real de um menino de 05 anos que se perdeu nas ruas de Calcutá, na Índia, e que foi adotado por um casal Australiano. Já adulto, Saroo, começa a questionar sua origem e volta ao seu país de origem, em busca das peças perdidas de sua história. É algo muito forte de se ver!
É muito comum vermos esse movimento em crianças adotadas, que de alguma forma, precisam encontrar o sentido de sua existência e se reconhecerem na vida das pessoas que a geraram. É um movimento natural e humano.
Aos que não foram adotados e viveram nos braços de sua família de origem, esse sentimento também surgirá, pois ainda existe um chamado, de reconhecer sua ancestralidade.
Lembro de um trabalho que fiz na época do colégio, onde desenhei minha árvore genealógica, e a sensação de escutar de meus avôs e bizavô tantas histórias que não eram apenas deles, mas minhas também, foi de uma importância tamanha.
A mesma importância que vivi quando pegávamos – e ainda fazemos isso até hoje – as caixas cheias de fotos antigas para reviver as histórias que elas contam.
E tudo isso, me ajudou a contar a história de quem sou.
Quando conseguimos montar as peças que monta o quebra-cabeça de nossa história, não apenas reconhecemos o nosso lugar no mundo, como também experimentaremos a humanização, conseguindo então criar projetos de vida e de futuro mais concretos.
E por tudo isso, é importante sabermos de onde viemos!
Se você ainda não escutou o chamado para encontrar parte de sua história, saiba que isso um dia pode acontecerá e quando for, esteja pronto para escutar e aprender um pouco mais sobre quem você é!
Um super beijo
Van