Ainda sobre Felicidade: O fim do mito! Vida feliz não significa Vida tranquila.

Ainda sobre Felicidade: O fim do mito! Vida feliz não significa Vida tranquila.

É pós carnaval, e por isso, vou trazer um assunto que é, leve e ao mesmo tempo muito complexo: Felicidade!

Nem sempre é fácil falar sobre esse tema, principalmente pois encontramos muitas divergências quanto ao seu conceito, que é totalmente subjetivo. Não podemos, ao certo, definir o que é felicidade, já que este é uma criação individual e intransferível, mas podemos sim trazer reflexões sobre a forma como nos relacionamos com esse sentimento e é exatamente isso o que quero fazer aqui e agora!

E você é meu convidado para mergulhar nestas reflexões e quem sabe, transformar a forma como vê o mundo.

Semana passada, gravei um vídeo sobre felicidade (Assista), e me dei conta de que faz muito tempo que não falo sobre isso. Um tema que já serviu de conteúdo para muitas das palestras, textos e encontros que compartilhei, estaria esquecido? Ou simplesmente adormecido para dar lugar a outros temas de igual importância?

Independente do motivo, o que importa é que ele despertou!

A busca, ou criação, da felicidade sempre foi um grande tema em minha vida. Seja por meio de meu trabalho, ajudando pessoas a compreenderem suas dores para se conectarem com este sentimento de forma real, ou em minha vida pessoal, diante dos desafios que surgem a todo instante.

Independente da área ou forma de atuação, a grande questão é que trazer a felicidade tanto para a vida das pessoas quanto para a minha própria, nunca esteve relacionado a eliminar as sombras, ou exterminar as tristezas. Muito pelo contrário, ela surge no momento em que tudo isso é integrado no ser, permitindo então a totalidade de quem é… a totalidade de quem sou.

Mas nem sempre foi assim. Por muito tempo, comprei a ideia da sociedade, com seu estímulo a felicidade Doriana, ensinando e reproduzindo o sorriso a todo custo e em todas as situações. Lembro que algumas pessoas até me comparavam com a Pollyanna – a garota que faz seu “jogo do contente”, buscando sempre algo positivo em tudo, mesmo quando a situação é a pior possível – mas a verdade é que a felicidade não tem nada a ver com otimismo, ou positividade.

Entendi que uma vida feliz não tem nada a ver com ausência de problemas, quando a  encontrei pela primeira vez, no momento em que acolhi minha própria dor… Aquilo sim era felicidade! E real! 

E desde então, deixei de ser a Pollyanna para ser simplesmente a Vanessa. Trabalho com pessoas, me conecto todos os dias com gente que ainda nem conheço, se deixar falo com todos na rua, abraço moradores de rua, comprimento o cobrador de ônibus como se fossemos melhores amigos. Mas não é todo dia que estou bem e de vez em quando sinto vontade de chorar, não é o tempo todo que estou disposta, e vira e mexe preciso ficar sozinha porque não quero falar com ninguém. E posso dizer que, por tudo isso, sou uma das pessoas mais felizes que existe no mundo!

E as pessoas nem imaginam, ou não querem imaginar, pois entrar em contato com a dor do outro, ver que as pessoas ao seu redor sofrem, significa entrar em contato com sua própria dor e permitir também o seu próprio sofrimento. Dias atrás, um amigo se espantou quando eu disse que fazia terapia, pois nem imaginava que eu teria problemas… ou ele não queria ver que existe vulnerabilidade em mim, mesma vulnerabilidade que também existe nele.

As vezes paro pra tentar entender quando foi que começamos a fazer essas associações e criar essa ilusão de que se alguém é feliz, não pode chorar, não precisa fazer terapia, não tem decepções… e mesmo achando que foi da necessidade de proteção e defesa do medo de sofrer, não encontro uma resposta certa. E na verdade, pode ser que nem exista uma razão.

Só sei que hoje entendo que podemos estar tristes e ainda assim sermos felizes, que é possível compreender a impermanência das coisas e ainda assim vermos a beleza nestes movimentos e que mesmo quando nos percebemos como incompletos, podemos estar plenos. 

A felicidade é uma forma de enxergar o mundo e por isso, não existe no fora, nem na tranquilidade e ausência de caos, e sim, por meio da forma como nos encaramos no espelho a cada dia… como encaramos as situações que surgem. E sim, elas vão surgir! Não se iluda!

A felicidade está sim, ao alcance de qualquer pessoa que queira criar a sua felicidade, mas para isso, devemos nos despir dos pré-conceitos e formas rígidas que limitam este sentimento e que limitam nossa própria existência.

Quando, e somente quando, você for capaz de ser presente mesmo com toda a ausência que encontrar no mundo e todo o vazio que aceitar dentro de você, pode ser que encontre, finalmente a felicidade. 

Um super beijo,
Van

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