Continuando a série sobre o que nos torna humanos, hoje trago o aspecto da memória!
Como as memórias se formam?
Todas nossas experiências são absorvidas pelo cérebro, com seus múltiplos sistemas de memória e diferentes características que envolvem diversas redes neuronais. Este processo cognitivo mantém tudo o que foi aprendido e fixado, a partir das experiências vivenciadas ao longo da vida.
São os sentimentos que regulam e estimulam a formação destas memórias. E isso significa que estas lembranças também influenciam nossos sentimentos no presente e para o futuro.
Estudos da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos descobrem que as memórias são criadas e organizadas no hipocampo, que é responsável por organizar os acontecimentos em nossa vida em padrões. Outro estudo feito por Matias Ison e pelo professor Rodrigo Quian Quiroga, da Universidade britânica de Leicester, junto ao doutor Itzhak Fried, da Universidade da Califórnia, revelou como os neurônios do hipocampo respondem de maneira diferente quando uma lembrança é criada por meio de associações.
Isso significa que, todas as memórias são armazenadas de forma atemporal e como uma representação da realidade que vivemos. Esta é apenas uma da qual a realidade pode possuir e não é a realidade em si.
Todas estas representações absorvidas, adquiridas e criadas influenciam nossos pensamentos, crenças e conceitos sobre determinadas situações.
Com isso, seja de forma positiva ou negativa, somos o que guardamos de cada acontecimento em nossa vida.
As memórias são as ruínas do nosso passado, mas não são o nosso passado. São criadas de acordo com os sentimentos e forma de perceber o que foi vivido e influenciam diretamente o nosso futuro.
O que você tem guardado sobre o seu passado? O que você espera sobre seu futuro?
Todas essas respostas estão em suas memórias e associações guardadas em seu hipocampo.
Porém, não é apenas o hipocampo responsável por esta função. Todas as nossas memórias, não só as reprimidas, passam pelo inconsciente antes de chegar à consciência. Você não precisa se lembrar, conscientemente, de tudo o que sabe, pois todas as informações já estão no inconsciente e serão trazidas à tona quando forem necessárias.
Outra responsável pelas memórias é a amídala, ligada às lembranças mais fortes que existem: as memórias emocionais. Este campo é responsável por nossa proteção das ameaças, por isso podemos recordar ou nos esquecer de situações traumáticas.
Não apenas as lembranças, mas o esquecimento também faz parte da formação de nossas memórias. Segundo o neurocientista Ivan Izquierdo, diretor do centro de memória da PUC-RS e autor do livro A Arte de Esquecer, o esquecimento é um trunfo da evolução, um mecanismo de limpeza que ajuda a otimizar o cérebro e então nos ajudar a focar no que realmente importa.
São diversas as formas que nosso cérebro armazena as memórias, porém, é importante compreender que podemos modifica-las em qualquer momento da vida, por meio do esquecimento ou de novas associações, transformando lembranças limitantes e negativas através do sentimento positivo de gratidão.
Então, é nossa responsabilidade transformar as memórias que nos fazem mal e ressignificá-las a partir de novas representações positivas da realidade.
Um super beijo,
Vanessa
Referências:
Matias J. Ison, Rodrigo Quian Quiroga, Itzhak Fried. Rapid Encoding of New Memories by Individual Neurons in the Human Brain.http://www.cell.com/neuron/fulltext/S0896-6273(15)00559-0
Iván Izquierdo, Lia R. M. Bevilaqua e Martín Cammarot. A Arte de Esquecer.http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n58/22.pdf