Como você toma suas decisões? O que leva em consideração quando precisa escolher o caminho A ou B?
Para falar sobre escolhas, precisamos levar em consideração todo o mundo interior que pertence a cada um de nós, com sentimentos, pensamentos, crenças e valores que nos compõem.
Já sabemos que todos nossos comportamentos e atitudes foram aprendidos em algum momento de nosso passado. De forma consciente ou inconsciente, carregamos uma história individual e única, construída no decorrer da vida e que nos influencia diretamente.
Por outro lado, nascemos e crescemos em um contexto social que prioriza o ter ao sentir e por isso temos medo de reconhecer sentimentos e emoções relacionados a nós mesmos e ao outro. Nesta sociedade, o sentir é fraqueza, então, precisamos controlar e esconder todas as emoções possíveis com a finalidade de nos proteger.
Proteção esta que nos afasta da consciência do eu interior. Aos poucos, nem lembramos mais dos sentimentos e emoções que um dia foram nossos, ou pior, abrimos a caixa de pandora, explodimos com tudo e espalhamos o que estava escondido para todos os lados.
Esse assunto não é algo novo, durante todo o tempo em que o homem vive no planeta, ter uma relação com seu mudo afetivo de forma equilibrada foi seu grande desafio. Os resultados desta ausência de relação surgem em forma de sintomas como stress, irritabilidade, fadiga, insônia e doenças psíquicas que nos levam a agressividade, tensão, egoísmo, solidão e infelicidade… cada vez mais percebemos uma sociedade doente que se mantém por meio de sua doença.
Você não imagina quantas pessoas entram em meu consultório com sintomas de depressão, ansiedade, pânico e quando vamos nos aprofundando nas causas, encontramos uma grande apatia emocional e distanciamento do eu. Fomos criados para inventar máscaras para sobreviver, mas nos esquecemos que sobreviver significa morrer em vida.
Ficamos neste ciclo durante muito tempo e o despertar deste processo se torna cada vez mais necessário, principalmente no encontro com equilíbrio e vida, que só será possível através de escolhas individuais.
Não podemos mais culpar a sociedade por isso e como adulto, é hora de assumir e saber qual é o certo e errado individual, de acordo com a sua verdade interior. Ninguém obriga ninguém a viver de uma forma específica, há sempre uma escolha por trás de cada atitude, apesar de algumas vezes ser mais fácil acreditar no oposto dessa afirmação.
Você é responsável por seus resultados, assim como por sua deterioração e desequilíbrio que muitas vezes te levará a destruição.
Desde nosso nascimento somos criados para sobreviver e para isso, nos conduzimos a um caminho de proteção e continuidade de espécie. Este é o impulso de vida que nos é vendido… e que não simboliza a verdadeira vida.
A verdade é que, enquanto sobrevivemos, deixamos de viver.
Viver é muito diferente de sobreviver, pois este implica o risco de sofrer, assim como a chance de explorar, aprender, vivenciar e construir a si mesmo como pessoa. Assumir o risco de viver significa assumir e conhecer os sentimentos que o compõem como individuo único. E quando falamos de sentimentos, devemos levar em consideração todos eles: raiva, tristeza, solidão, perda, incerteza, angústia e tantos outros que conceituamos negativos.
Todos sentimentos são válidos, fazem parte de nossa jornada como seres humanos e por isso devem ser vivenciados como os grandes termômetros internos que nos ensinam sobre a realidade reconhecida.
A saúde emocional é alcançada quando conseguimos nos abrir a nós mesmos, aos demais e ao ambiente de forma íntegra. Quando respeitamos os limites e as diferenças.
Se pegarmos o caminho da ignorância destas emoções ao invés de encontrá-las e reconhecê-las como parte de nós mesmos, poderemos chegar à apatia e embotamento afetivo, que nos tornará seres humanos insensíveis e incapazes de decidir de forma individual e real.
A vida é um reflexo da nossa organização básica afetiva, ou seja, tudo aquilo que acontece no campo social, que engloba a política, economia, artes, relacionamentos e educação possui grande influência em nossos afetos.
Ou seja, quanto mais nos apropriamos de emoções e sentimentos, mais poderemos influenciar positivamente e de forma consciente todas as esferas sociais e individuais.
No processo de autoconsciência, seja ele por meio de psicoterapia, coaching, meditação ou qualquer outro recurso que nasce com o objetivo de ajudar a compreender, como esta leitura por exemplo, quando uma pessoa é incapaz de perceber seus próprios sentimentos, é estimulado a fazê-lo diariamente por meio dos questionamentos e reflexões que geram perguntas e não respostas prontas.
E ao tentar responder estas perguntas de forma genuína, você experimentará uma sensação de amadurecimento através da diferenciação de sentimentos que fazem parte de si mesmo e do mundo.
A consciência dos próprios sentimentos constitui a base para saber o que se quer.
Um super beijo,
Vanessa