O Que Te Define?

O que te define?

Alguns falariam: minha carreira, estudos, família, gostos, sonhos, escolhas e assim por diante. E até semana passada, eu diria que o que nos define são nossas escolhas, a partir do que se passa internamente, crenças, valores, sonhos e sentimentos. Mas hoje não…

Hoje, eu diria que isso é pouco para nos definir. Temos memórias, carregamos uma história, com tantas coisas aprendidas, vividas e o que nos impulsiona para o futuro. Somos possibilidades e algo diferente todos os dias. Agora imagine a possibilidade de perder todas essas memórias, essa identidade e tudo aquilo que você acredita ter de mais valioso?

Neste final de semana assisti Para Sempre Alice e preciso dizer o quanto esse filme mexeu comigo. Primeiro porque chorei o filme inteiro e segundo que minha cabeça não parou desde que saí do cinema com tantas reflexões e ansiedade para compartilhar tudo isso com você.

O filme conta a história de Alice Howland, pesquisadora e professora de linguística da Universidade de Columbia em Nova York que, aos 50 anos sofre de um tipo raro e precoce de Mal de Alzheimer hereditário. Todo seu cognitivo, o que a definiu durante toda sua vida, é comprometido. Uma das falas que mais me marcou foi quando ela diz ao marido que preferia ter câncer ao invés de Alzheimer. Esse sentimento representa a dor que ela sente ao saber que perderá sua identidade.

Quando perdemos nossa identidade, sentimos que perdemos tudo e a única forma de viver é reinventar tudo isso.

Durante todo o filme, é muito perceptível suas perdas e como ela deve se apegar no momento presente para ter uma vida, além e diferente daquela que estava acostumada. Ela foi obrigada a aceitar uma condição e para não perder a si mesmo completamente, teve que reconstruir uma identidade. Ela tinha que ser alguém além de sua doença. Se reconstruir todos os dias e viver da melhor forma, de acordo com suas limitações.

Quantas vezes as mudanças chegam e as ignoramos? Algumas vezes, essas mudanças chegam sem aviso e fazem com que tenhamos que transformar tudo, sem tempo para pensar.

Todas elas, impostas ou escolhidas carregam perdas. E não fomos criados para perder, mesmo aprendendo que faz parte da vida.

Meu objetivo não é contar aqui todo o filme, apesar de ficar tentada a isso. Estou aqui para dizer que muitas coisas nos definem, que não há limite, pois somos muito mais do que percebemos ser. Quero trazer a reflexão sobre a dimensão de nosso ser.

Tudo o que nos compõe. Nossas memórias, mas também o presente, o que fazemos agora. Somos as pessoas que encontramos, os livros que lemos, as músicas que ouvimos. Todas as expectativas que nos consolam, a realidade que nos direciona e a criatividade que nos permite. Nossos sentimentos, desejos, medos que nos assolam. Somos adaptáveis, e nascemos para transformar e mudar tudo aquilo que somos todos os dias.

Nascemos para contribuir, não para lutar e viver de acordo com os recursos e forças que possuímos.

Por mais que tentemos, nunca saberemos de fato como é viver o que o outro vive, ou sentir o que o outro sente, mas podemos questionar o que viveríamos ou sentiríamos se estivéssemos na mesma situação.

Eu me fiz essa pergunta no final do filme e a única resposta que pude encontrar foi que, se soubesse que irei perder todas minhas memórias, tentaria ter força para criar novas experiências todos os dias, sem precisar reter nada.

Tenho um amigo que diria que o Alzheimer é uma doença do agora, que força a viver cada dia como se fosse único e novo. E há um valor muito grande na vida, independente da forma como ela se apresenta.

Por isso, desejo que todos nós possamos viver ao máximo cada vida que cabe em nossas mãos e sejamos capazes de perceber o lado positivo em todos os desafios e adversidades que surgirem em nosso caminho, pois reconheceremos que não temos limite, vamos além de tudo o que nos apresenta.

Viva o que te define hoje em sua totalidade e se amanhã você for outra coisa, continue vivendo, de acordo com aquilo que você ouve, vê, sente e percebe sobre si mesmo e o mundo à sua volta.


Este texto foi enviado à minha lista de e-mails. Toda terça-feira, escrevo e envio uma mensagem de reflexão e questionamento. 

Se você quiser fazer parte desta lista, clique aqui, deixe seus dados e aguarde o próximo e-mail na terça-feira 🙂

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